BILHETE POSTAL
Por Eduardo Costa
E se os consumidores europeus decidissem não comprar produtos americanos? A guerra das tarifas não fazia sentido.
Em democracia, com cidadãos esclarecidos, isso é possível.
Lembro há muitos anos atrás o caso do Coliseu do Porto, que uma seguradora tinha vendido à IURD, Igreja Universal do Reino de Deus. O movimento de boicote à seguradora foi brutal e esta não vendeu.
O todo poderoso Elon Musk, da Tesla, viu as vendas caírem e os stands alvo de manifestações. Diz agora que pediu a Trump zero tarifas para a Europa.
“Um movimento internacional de boicote a produtos dos Estados Unidos começou a ganhar força no mês de março, alastrando-se do Canadá à Europa”.
Em Portugal, o Movimento pela Democracia
Participativa (MDP) lançou uma petição chamada "Boicote aos Produtos Americanos: Uma Resposta ao Impacto das Políticas de Trump". Para o movimento, "produtos americanos, que antes eram consumidos com regularidade e até com uma certa adoração, passaram a ser vistos sob outra óptica".
“Tudo como forma de dizer 'não' ao que consideram uma postura económica arrogante e agressiva por parte do governo americano".
Um sentimento anti-americano instalou-se nos países tradicionalmente parceiros dos Estados Unidos? Ou será um sentimento anti-Trump?
Acreditemos que seja ‘loucura’ passageira. Mesmo que assim seja, as relações não voltarão a ser o que eram. Gerou-se desconfiança.
“Amizade é como café; uma vez frio, nunca volta o sabor original, mesmo aquecido”, disse o reconhecido filósofo Immanuel Kant.
Eduardo Costa, jornalista, presidente da Associação Nacional da Imprensa Regional
(Esta crónica é publicada em cerca de 50 jornais)