Em 2005 concluiu o Curso II PADIS (Programa de Alta Direção de Instituições de Saúde), na AESE Business School, e assumiu no ano seguinte a gestão dos Meios Complementares de Diagnóstico e Terapêutica, durante 15 anos. Simultaneamente, esteve também envolvida na gestão da Unidade de Cuidados Intensivos (2006 a 2009), do Serviço de Urgência (2006 a 2007), do Gabinete de Desenvolvimento e Organização (2009 a 2020), e na criação do Gabinete de Investigação (2019 a 2020). Em 2009, é designada responsável pelo Gabinete de Gestão de Projetos, função que assume até hoje, e em 2014 concluiu o Curso de Especialização em Administração Hospitalar, na Escola Nacional de Saúde Pública.
Desde agosto de 2020 que assume ainda a Gestão do Departamento de Urgência, que inclui a Urgência Geral, Urgência de Obstetrícia e Ginecologia, Urgência de Pediatria e VMER.
Hospital Distrital de Santarém (HDS) – Em que data chegou ao HDS?
Marta Bacelar (MB) – Iniciei funções no Hospital Distrital de Santarém no dia 1 de outubro de 2003. Comemorei 20 anos em 2023, com muito orgulho por pertencer a esta grande instituição.
HDS – Que funções desempenhou no início do seu percurso no HDS?
MB – Em 2003, iniciei funções como Assessora do Conselho de Administração. Foi uma altura de muito trabalho, muitas aprendizagens, de muitos desafios. O Hospital acabava de alterar os seus estatutos, passando do Setor Público Administrativo para Sociedade Anónima.
Foi um período de cerca de dois anos de muitas mudanças, entre as quais destaco a alteração da estrutura organizacional, com elaboração de um novo organograma, a definição da Missão, Visão e Valores do Hospital, assim como a identificação das responsabilidades e delegação de competências de todos os Serviços do Hospital. Foram contratualizados objetivos por Departamento e Serviço, apresentados os Planos de Ação e Orçamento pelos Diretores de Departamento e Serviço na presença de todos os outros Serviços, em duas magnas reuniões, realizaram-se reuniões de acompanhamento do contrato e até foram atribuídos incentivos de desempenho.
Foi criada a primeira newsletter do Hospital para dar a conhecer as notícias e a evolução do Hospital, na altura apenas em formato digital. A edição n.º 1 foi publicada em novembro de 2003, um mês depois de ter chegado ao Hospital. Hoje olho com nostalgia para esses tempos, pois foram tempos de muita mudança e com muita motivação para fazermos algo diferente, algo fora da rotina, de estimularmos e motivarmos quem todos os dias trabalha para cuidar de quem nos procura.
HDS – Assumiu em 2009 o Gabinete de Gestão e Projetos, ano em que foi criado. Qual a principal missão deste Gabinete?
MB – O principal objetivo do GGP é elaborar candidaturas a programas de financiamento, em colaboração com os Serviços que pretendam implementar projetos de melhoria e inovação. Mas a elaboração das candidaturas é apenas o início. Após aprovação, cumpre-nos acompanhar a sua execução. Nesta fase, os Serviços onde os projetos vão ser implementados, o Serviço de Aprovisionamento e o Serviço de Gestão Financeira desempenham um papel fundamental na sua concretização, de forma a podermos proceder à submissão atempada dos pedidos de pagamento e garantir a conclusão dentro dos prazos aprovados.
Por outro lado, o GGP apoia ainda os Serviços na elaboração de candidaturas a Prémios de reconhecimento, em razão da qualidade de projetos implementados. Recordo-me, por exemplo, do Prémio de Saúde Sustentável 2017, prémio de âmbito nacional, na categoria Cuidados Hospitalares, que foi atribuído ao projeto “Ambulatório Programado de Alta Resolução”. Foi um enorme orgulho para toda a equipa que nele trabalhou e para o Hospital, pois após ultrapassarmos várias fases, fomos à final e vencemos.
HDS – De forma resumida, quais os projetos que destaca desde que assumiu a coordenação do Gabinete?
MB – O primeiro projeto que me recordo de forma imediata, pelo montante envolvido e pelo impacto face à dimensão, foi a “Requalificação do Serviço de Urgência Geral e da Urgência Pediátrica”. Tratou-se de um investimento superior a 9 milhões de euros e permitiu a expansão das instalações para uma área quatro vezes maior relativamente à que existia. A remodelação integral do espaço implicou que, durante três anos, os Serviços de Urgência funcionassem em contentores, pois as instalações foram alvo integral de remodelação, facto que também implicou um grande esforço de todos os profissionais e paciência por parte dos utentes.
Também destaco o projeto “Aquisição de Equipamento Médico para o Serviço de Imagiologia” (mamógrafo e ecógrafo) na área da Imagiologia Mamária, no valor de cerca de meio milhão de euros, porque se traduziu num significativo aumento da qualidade dos exames realizados.
A “Renovação e Apetrechamento do Ambulatório Programado de Alta Resolução”, no valor de cerca de meio milhão de euros, permitiu a aquisição de todos os equipamentos para o novo edifício que foi construído na área adjacente ao edifício principal e onde, diariamente, são atendidos centenas de utentes em ambulatório.
Destaco ainda os projetos “MyHDS – Hospital Digital” e “HDS +Digital +Seguro”, no valor de cerca de 2 milhões de euros, que nos permitiu um salto qualitativo ao nível da modernização tecnológica, tendo sido possível a implementação de um Sistema Integrado de Gestão de Atendimento (garantindo que cumprimos o RGPD); a disponibilização da App myHDS, com inúmeras funcionalidades para os utentes (como o acesso a todos os agendamentos e resultados); o desenvolvimento de um novo sistema de controlo de visitas e de um sistema de notificações; a implementação do Business Intelligence e do novo sistema de Gestão Documental (que nos permite caminhar no sentido de um SNS sem papel); e ainda a renovação do hardware que é a base para que a área informática funcione com estabilidade e segurança.
Mas não posso deixar de realçar o projeto que termina em dezembro deste ano, “Inovação e Diferenciação Tecnológica”, no valor de cerca de 8 milhões de euros, pois foi o que possibilitou, entre muitas outras inovações, a instalação de uma Ressonância Magnética de 3 Tesla e as tão ambicionadas obras de requalificação integral do Serviço de Anatomia Patológica, incluindo a criação do Gabinete de Medicina Legal no nosso Hospital. Neste projeto, está ainda incluída a aquisição de diversos equipamentos, software e empreitadas.
Por último, um projeto do Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental (DPSM) que nasceu em 2016 e que acompanho desde a génese com especial carinho: “r.INseRIR – OficINas para todos e para cada um”. Um projeto assente na arte como ferramenta terapêutica que tem tido uma evolução extraordinária e que já deu origem à criação da Associação com o mesmo nome e à ampliação das instalações do DPSM, com o apoio do Prémio BPI Fundação “la Caixa” Capacitar e do Prémio Fidelidade Comunidade. São já várias as OficINas que entretanto se desenvolveram ao longo destes últimos oito anos:
OficINas artísticas – Projeto INcluir
OficINas de culinária – Projeto IN_Cooking
OficINas de reabilitação cognitiva – Projeto Rehacom
Do QREN, passando pelo Portugal2020 (Alentejo2020 e SAMA2020/COMPETE2020), até ao PRR, o Gabinete de Gestão de Projetos conseguiu obter financiamento de cerca de 26 milhões de euros. Deste valor, o Hospital teve de comparticipar alguns projetos em 25% e outros em 15%.
Estes investimentos têm contribuído, de forma inegável, para o conforto e para a modernização tecnológica e procedimental dos nossos Serviços, permitindo a implementação de novas técnicas para prestar aos nossos utentes cada vez mais e melhores serviços.
HDS – Por quantos elementos é composto o Gabinete?
MB – O GGP é constituído por mim e por uma assistente técnica, Helena Grais. É um elemento muito importante para o sucesso deste Gabinete.
Para além do GGP, assumo funções como Administradora Hospitalar do Departamento de Urgência (que inclui a Urgência Geral, Pediátrica, Obstétrica e Ginecológica e a VMER) e a Helena Grais faz também a atualização dos impressos e da Intranet/Internet.
HDS – Quais os maiores desafios que enfrenta no seu dia-a-dia?
MB – O maior desafio é ter tempo na gestão das áreas de responsabilidade. Como, muitas vezes, faço parte das equipas de implementação dos projetos financiados, de forma a garantir a sua execução atempada, o tempo mostra-se muito escasso para poder pesquisar mais formas de financiamento.
HDS – Quais os principais objetivos para o futuro?
MB – No futuro, espero continuar a alcançar êxitos e que os novos projetos sejam aprovados, o que permitirá que o HDS possa continuar no caminho da modernização e da inovação.
O Hospital em 2025 fará 40 anos. É uma instituição de saúde que está aberta 365 dias por ano, com grande desgaste, em que os equipamentos rapidamente se tornam obsoletos e é necessário investimento constante.
Acalento como objetivo continuar a contribuir para trazer mais financiamentos para o nosso Hospital, o que me traz um sentimento de dever cumprido e de que, de alguma forma e não estando na prestação direta de cuidados, estou a contribuir para que os nossos utentes possam ter as condições para serem atendidos cada vez melhor.